A estreia do Padre Rodolfo

Monte Frio, 02 Novembro 2012

Onze de Outubro de 2012 foi um dia especial para a comunidade montefriense. O novo pároco da nossa freguesia, Padre Rodolfo Oliveira Leite, visitou Monte Frio pela primeira vez e, durante várias horas, conviveu com a população residente, designadamente durante a celebração da eucaristia, em estreia na capela onde se alberga o Milagroso Bom Jesus, padroeiro da nossa terra. Depois participou num almoço de confraternização, que envolveu cerca de quarenta pessoas, realizado no Salão Social da Comissão de Melhoramentos. Tratou-se de uma jornada complementar à sua formal apresentação, feita no domingo anterior, na igreja paroquial da Benfeita, onde, aliás, o Monte Frio se fez representar (e bem) por uma delegação condigna, com o António Castanheira a ser portador do nosso vistoso estandarte.

Contudo, alguns montefrienses manifestaram o desejo de receber o Padre Rodolfo na nossa aldeia, como forma de lhe manifestar a nossa dedicação, a nossa fé e, sobretudo, a nossa hospitalidade. Impunha-se a realização desta jornada de apresentação (às pessoas do Monte Frio) e conhecimento mútuo, prólogo de uma vivência que se deseja duradoura e o mais intensa possível. Convite feito… convite aceite. A D. Otília Pimenta Henriques encarregou-se da organização do evento e tudo saiu na perfeição: desde a ornamentação da capela, à preparação do salão para o almoço, as ementas, as sobremesas, os arranjos florais… tudo ao pormenor, com amor à causa.

É com natural regozijo que referimos  este dia feliz e tão especial no quotidiano montefriense. O pessoal mobilizou-se para, à hora marcada, receber o novo pároco, no Largo do Outeiro, qual comissão de boas vindas ao Padre Rodolfo. Este, logo ali se surpreendeu com a beleza da paisagem deslumbrante que se avista do altaneiro miradouro do Monte Frio e ficou maravilhado com o amplo Salão Social recentemente inaugurado, obra da CMMF. Após breves momentos para apresentações e diálogo, o grupo seguiu rua abaixo, em comitiva apeada, até à capela (no fundo do povo), onde se realizou a programada missa (anunciada pelas badaladas do sino, tradição mantida pelo Arlindo Costa), celebrada pelo Padre Rodolfo (auxiliado pelo diácono Rui Tavares, de Coja), que resultou numa cerimónia marcante, onde se viveram momentos de felicidade e emoção. Foi ótimo ver a capela cheia de gente feliz a comungar na fé. Nesta conformidade, o Horácio Pedro e o Zé Henriques também participaram na missa, fazendo leitura da palavra do Senhor.

No final da cerimónia religiosa, D. Otília Henriques, com vincado sentido de fé católica, fez uma alocução de boas vindas, exortando o novo pároco a enfrentar as dificuldades inerentes a uma vida pastoral exigente, em tão vasto território. Ao mesmo tempo que lembrou, com gosto, a vivência com o Padre António Dinis (agora substituído), enaltecendo as suas qualidades pessoais e sacerdotais.

Nos bons velhos tempos!

Por fim, Vítor Cândido usou da palavra para agradecer a primeira visita do Padre Rodolfo Leite ao Monte Frio: «Hoje é um dia muito especial para todos nós, porque a nossa linda capela se abriu para uma celebração invulgar, de vitalidade… em Outubro. Excetuando o dia da festa, em Agosto, em honra do Milagroso Bom Jesus, há muitos anos que esta capela, infelizmente, só costuma abrir as portas para o velório dos nossos defuntos», lamentou.

Vítor Cândido, revelando carga emocional nas suas palavras, puxou da memória para recordar tempos antigos, da sua meninice: «Este dia faz-me lembrar o início dos anos cinquenta do século passado, quando aqui chegou o Padre José Redondo, para tomar conta das paróquias da Benfeita e Cerdeira. O Monte Frio já era uma povoação de vanguarda (única na serra com camioneta de carreira, para ligação ao comboio, em Santa Comba). Terra de gente humilde e trabalhadora, que vivia a fé cristã com dedicação extrema. Tanta gente boa que já partiu e deixou saudades» lembrou, continuando: «Não havia luz elétrica, eram as candeias e lanternas que nos alumiavam e, no mês de Maio (mês de Maria), todos os dias, ao fim da tarde, tocava o sino, e esta capela enchia-se para rezar o terço, alto e bom som, a cantar Ave-marias. Eu era um dos 35 alunos da nossa escola (contando com os do Valado e da Relva Velha). Em Dezembro fazia-se um grande presépio: os rapazes iam buscar o musgo (seco e húmido) e as raparigas dispunham as peças e faziam o resto. Aqui recordo a saudosa Susete Henriques, uma das mais entusiastas pela causa. O Natal era uma quadra especial, que as pessoas cultivavam com ênfase, cantando ao Deus Menino. Todas as semanas havia missa e no Domingo de Ramos apresentava-me todo ufano, nesta capela, com enorme ramo de loureiro, engendrado pelo meu tio António Cristiano. São memórias emocionantes que nos trazem nostalgia. Por exemplo, foi nesta capela, do Milagroso Bom Jesus, que fiz a primeira comunhão, com o célebre Padre Redondo. Para tal, durante algum tempo, tive de ir à catequese, na Benfeita. Saiamos da escola a correr e voltávamos ao anoitecer. Bons velhos tempos!», concluiu.

O Diácono Rui Tavares

A estreia do Padre Rodolfo Oliveira Leite, em Monte Frio, fez-se na companhia inevitável do Diácono Rui Manuel da Cruz Tavares, o «Rui da Havaneza», nosso particular amigo, companheiro de vários momentos, religioso credenciado para muitas ações e celebrações na nossa terra. Ele foi o impulsionador desta excelente jornada de convívio social e religioso, que motivou um dia especial passado em Monte Frio, terra bela.

V. C.

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