Faleceu José Francisco Marques Sócio n º 1 da CMMF

Monte Frio, 24 Maio 2013

A Comissão de Melhoramentos de Monte Frio está de luto pelo falecimento do seu associado n º 1, José Francisco Marques, ocorrido no passado dia três, por morte súbita, na sua residência, em Vila Franca de Xira. Com 89 anos de idade, José Francisco Marques foi sempre um homem muito educado, discreto e tranquilo, conterrâneo exemplar, por isso bastante respeitado na nossa terra, onde habitualmente residia com sua esposa, D. Lurdes, no período entre Maio e Novembro. Como muito bem disse o Padre Rodolfo, na oratória do seu funeral, realizado na capela do Monte Frio, José Francisco Marques era, reconhecidamente, um homem bom, de fé cristã. Desde sempre nos habituámos a vê-lo ajudar à missa, na nossa capela, função que desempenhou até agora, com tanto agrado. Era uma pessoa bem informada, que gostava de se atualizar com a leitura, sempre a par de tudo, através dos noticiários. Na juventude serviu na marinha, era um filho da escola e tinha gosto de recordar esses bons tempos de navegação. Tantas vezes me dizia: «Sabes? Quando tu nascestes estava eu na marinha. Em 1945. Tinha então 21 anos. Foi no tempo da guerra» … e lá desfiava mais umas quantas memórias desses tempos de vida difícil, quando os nossos pais e avós, analfabetos, debandavam para Lisboa, qual aventura, em busca de alguns proventos para sustento da família (deixada na aldeia), a sujeitarem-se  a qualquer serventia, de trabalho não qualificado, como, por exemplo, lavador de automóveis, por vezes vivendo em casas da malta, partilhada com conterrâneos e a comerem o «pão que o diabo amassou».

Na sua vida profissional, José Francisco foi durante quatro décadas operário especializado da fábrica de automóveis General Motors, sediada na Azambuja. Depois de reformado voltou ao Monte Frio para, em conjunto com seu irmão, o já saudoso Fernando Francisco, cultivar a Quinta da Ribeira, dando, assim, nova vida ao espaço rural onde ambos cresceram, local esse entretanto vendido a um casal inglês, que o tem dinamizado.

O desaparecimento do tio Zé Francisco é mais um pequeno rombo na mística montefriense. Depois do falecimento do Júlio Nunes (o último dos fundadores da CMMF a nos deixar), era ele o sócio número um da Comissão, sempre disposto a colaborar com a coletividade. É uma baixa importante na nossa população. A sua falta far-se-á sentir a partir de agora. É menos um para conviver e jogar às cartas no Salão Social.

«Então oh Marques!… E agora?», pergunto eu: «Quem vai pedir-me boleia para ir a Arganil? Quem vai ajudar-me a podar os arbustos do terraço? E quem vai lavar os caixotes mal cheirosos do lixo à nossa porta?»

Partiu com a tranquilidade que sempre o caracterizou. Sem sofrimento e com uma bonita idade. Que descanse em paz.

O funeral realizou-se da capela para o cemitério do Monte Frio, com a urna coberta pela bandeira da CMMF. Neste momento de luto, em nome da coletividade, enviamos sentidas condolências para toda a família, especialmente à viúva D. Maria de Lurdes Silva, ao filho António Silva Marques, à nora, D. Isabel Marques e neta Cristina Marques, todos associados da Comissão.   

V. C.


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