“Trabalhar para aquecer, não!”

Ainda cheguei a andar a trabalhar na estrada, na primeira estrada que se fez no Monte Frio. Eu e os rapazes da minha idade andámos a trabalhar onde se chama a Lomba, na Fonte Raiz. Era uma moeda de prata que se recebia. Ganhávamos 25 tostões. Naquele tempo era 2 escudos e 50 cêntavos. Os ordenados eram muito pequenos, nunca davam nada. Mas depois acabou a estrada, pronto, não havia nada. Naquele tempo, as pessoas que estavam válidas ajudavam-se umas às outras nos campos. Mas “trabalhar para aquecer” não, diziam os velhotes:

- “Trabalhar na terra: ”ela o dá, ela o come“!”

Quer dizer: dava para viver, mas não dava para arranjar nada para futuro. Um indivíduo tinha que ir para Lisboa.