Pelas terras

Também andei por essas terras acima a abrir covas, para esses postes de alta tensão. Levantava aqueles postes. Hoje é com máquinas, mas antigamente era tudo à mão! Fazíamos tudo, fazíamos a alta tensão, fazíamos a baixa, fazíamos tudo. No Inverno às vezes vinha uma trovoada, caçava a gente lá. Era preciso ir enxuto. Eu passei muito!

Os poços eram assim redondos, para abri-los marcava-se e começava-se a cavar até 9, 10, 20 metros de profundidade. Para sairmos lá de baixo tínhamos uma coisa, chamava-se um sarilho, uma manivela, um rolo e uma corda e depois tínhamos um caixote, onde engatavam dois grampos de lado para trazer a gente cá para cima. Aquilo também tirava o entulho. Foram tempos difíceis. Fui sempre um infeliz e depois mais com doenças que me apareceram.

Tinha uma venda de peixe aqui em Monte Frio. Eram uns senhores que o vinham cá trazer. O peixeiro ia buscar à praia e tinha pessoas que depois vendiam. O peixe era caro! A gente comprava dois chicharros dos graúdos por 25 tostões. Um quarteirão de sardinha a 15 tostões. Mas um chicharro dava bem para três pessoas.