Pastor profissional

Ainda estive três anos no Fajão. Pertence ao concelho da Pampilhosa. Aí estava numa casa farta. Tinha tudo o que queria, mas também tratava bem o gado e a terra. À dona chamávamos Maria Eugénia do barroco. Tratava-me muito bem. Essa mulher esteve uma vez doente com uma doença que era a gerpela, mas chamava-me ao quarto onde estava e dava-me o dinheiro, coitada. De vez em quando, havia lá muito pastor, mas não criavam os cabritos e as cabras como eu. Quando eu ia ao mato de manhã, roçava dois, três molhos, ia cortá-lo para cima de um cepo, ia às vezes à pressa para almoçar e ainda ia deitá-lo aos animais. Ainda hoje tenho uma costura onde levei seis pontos. Foi com a roçadeira que tombou sobre mim. E só tenho isto, porque não calhou...