Um padre malandreco

Naquele tempo havia aqui um padre que era malandreco. Chamavam o padre Redondo. Às vezes estavam as mulheres a comporem-se e ele entrava pelas casas sem pedir licença. Havia uma rapariga da Cerdeira, uma rapariga linda, linda. Meteu-se com ela, engravidou-a e a rapariga até se matou. Ele era de não sei de onde. Vinha à aldeia à missa. E quando há missa, seja um dia da missa ou do terço, ele às vezes vinha aí agarrado com as mãos em cima das coisas. Era muito malandreco, muito malandreco. Uma vez, ele vinha para minha casa e eu:

- “Chô”! Desculpe, quando cá estivermos em condições, é que o senhor entra se quiser!“

Tinha de andar a bisbilhotar? Depois esse homem foi apanhado num sítio. Deram-lhe uma tareia! Deram-lhe uma tareia que teve que vir para a rua nu. Ele até disse:

-”Vocês batam-me, mas não me matem!“

Depois foi para Lisboa. O meu filho ainda o viu, uma vez, num colégio a dar aulas lá. O gajo era muito mau, muito mau.