O meu filho é um espectáculo

O meu filho nasceu tinha eu 29 anos. O meu filho Armando foi criado, até aos 3 anos, na creche da tabaqueira. Ele é um espectáculo, aquilo “não há pai para ele”. É muito bom filho, muito bom marido, muito bom pai. É um pai galinha, que aquilo é uma coisa parva. Onde ele está, é um céu aberto. O Luciano batia-lhe tanto quando ele era novo, mas agora ele diz assim:

- “Não me importa que o meu pai me batesse e me chamasse à atenção. Estou muito contente de ele me fazer isso.”

Uma vez, deixou-o ir para o baile de Santo António. Deu-lhe o prazo de uma hora. À uma hora queria-o em casa. Eram quase três e ele sem vir. Eu em pulgas. Digo assim:

- Ai o meu filho? Onde é que ele está?

O meu marido viu que eu que estava assim. Levanta-se, vai-se sentar à porta. E lá vem ele. Não lhe disse nada. Ele depois contou-me:

- “Ai mãe. Olhe, eu tive tanto medo, tanto medo, que eu encolhi-me todo!”

Meteu-se logo na casa de banho. Eu digo assim:

- Bem, ele não lhe deve bater!

E ele ao outro dia:

- “Soubeste a que horas é que vieste?”

-“Soube. Desculpa lá. A gente entreteve-se e aquilo tudo. Isto não torna a acontecer.”

O meu filho saí ao meu lado mas é parecido com o pai.

O meu filho entrou num filme e eu era assim para ele:

-Ó Armando, ai tu estavas tão mal vestido na televisão.

- “Eu? Então eu levava uma camisola que era do filme e está-me a dizer que eu que estava mal vestido?!”

- Pois! Cortaste o cabelo tão rente, pareces uma melancia, a tua cabeça!

E ele assim:

- “Realmente isto é que me dá uns ”amens“!”

- Estás a ver ali o teu colega a dançar ali com a locutora. Parecia um boneco, ali todo fino. E tu...

- “Ai, não me importa!”

Depois começou a dançar e aquilo tudo. Parece que foi à Suíça, por causa do filme. Não sei lá no que aquilo vai dar. Eles morrem por ele. Andam sempre atrás dele.