“Chega mais de meio”

Jogos, aqui, haviam poucos. Antigamente, jogavam às cartas. Os velhotes iam para a tasca, jogavam às cartas e ali estavam uma tarde inteira. Quando era pequenito, lembro-me que havia aí um jogo giro que era a cocha. Tinha uma pinha fechada, um buraco no chão e duas equipas. Uma para meter lá a pinha e outra para tirar. Era cada cacetada nas pernas uns aos outros! Era como se entretinha a gajada.

Do fito, também me lembro bem. O fito. Punha-se ali longe e daqui com uma malha... Também eram duas equipas. Era giro. Depois aquilo dava era para os púcaros, para fazer petisco. Para os copos. Aqui, antigamente, não se bebia por um copo pequenino. Era por um copo de meio litro, aferido. Enchia-se o copo. Bebia eu, bebia outro, bebia aquele e o último que acabasse mandava encher outra vez. Mas havia alguns que quando o copo ia já a menos de meio, só diziam:

- “Para mim, chega mais de meio.”

Sabiam que iam beber menos, que iam beber pouco. Era assim que se fazia. Todos bebiam pelo mesmo copo.