“Alguns com cada carraça!”

Antigamente faziam-se festas. Agora, quase não ligam às festas populares. Aqui, o padroeiro é o Milagroso Bom Jesus. Todos os anos fazem festa. Este ano é que falharam. Os mordomos não quiseram fazer e a Comissão fez a festa deles. Os santos ficaram lá em baixo. Não saíram. Lá está a tal coisa. Pelo pé deles não vieram. Não os tiraram de lá e eles não saíram. Mas, normalmente, faz-se a procissão. Sai, corre a povoação e recolhe outra vez. Depois, faz-se o arraial à noite, a noite inteira. Nós chegáramos a fazer aí arruadas. Acabava a festa, arranjavam-se umas violas, umas concertinas e fazia-se uma arruada até de manhã. Principiámos lá em cima no Outeiro e descemos a bater nas portas das pessoas. Nenhum podia ficar em casa. De manhã, estava tudo na rua, mas alguns com cada carraça! De madrugada, encontrei um coscorél no chão. Sei lá se os cães já tinham dado volta com ele. Agarrei naquilo, vá, um bocadinho para cada um que é para abrir o apetite. Desapareceu tudo!