“Foi à fugida!”

Para me casar com ela, teve de ser à fugida. Foi à fugida! Ainda hoje as pessoas se admiram, mas foi assim que eu fiz. Fui ao Registo Civil para tratar dos papéis e estava lá uma senhora que tinha namorado comigo. Eu vi-a lá:

- Olá! Que é isto? Aqui há gato... Espera aí que não me vais enganar.

Então, para ela não saber, disse ao o gajo do Registo para lá ir a casa. Com duas testemunhas, pronto, casámo-nos. Não houve cerimónia nenhuma. Mas cerimónia, para quê? Foi só o registo, a escrita e mais nada. Nem eu nem ela íamos vestidos de maneira diferente. Nada! Para quê? Isso é uma grande conversa, também. A tia, quando soube, ia-se matando!

A tia não queria e o pai também não. Ao pai, escrevi-lhe. Giro, o pai dela.

Escrevi-lhe e ele disse que sim, que me podia casar com ela, mas que antes a queria ver num caixão que casada comigo. Foi a resposta que ele mandou. Eles não queriam. Ai não quereis? Queria eu e queria ela e a nossa é que valeu. Não foi a deles. Mais tarde, dizia-me o pai dela, que antes se queria comigo do que com os filhos. Depois, diziam que eu os tinha enganado. Pensavam que eu era uma coisa e ao fim e ao cabo saiu outra. Foi assim.