“Na primeira caca de animal que apanhassem era onde se transformava!”

Não é do meu tempo, mas eu ainda ouvia falar sobre o lobisomem. Aquilo que era assim: àquelas horas mortas da noite, na volta da lua, o homem levantava-se da cama e chegava às ruas. Na primeira caca de animal que apanhasse - ou uma galinha, ou um cavalo, um cão - era onde se transformava! Era um condão que algumas pessoas tinham. Quando eram aquelas horas da noite, tudo se metia em casa! Fugiam, tinham medo! Mas era preciso serem sete rapazes da mesma mãe. Um era lobisomem. Se eram sete raparigas sem haver um rapaz no meio, uma era bruxa.

As pessoas, quando estavam assim, atacavam! Para conseguirem quebrar esse condão, iam para cima do telhado com uma vara muito comprida, a vara dos bois. Punham uma agulheta ou um prego aguçado na ponta e, quando o lobisomem ia a passar tinham que picar. A pessoa voltava ao normal. Mas tinham que espetar e largar a vara, porque o condão ficava no pau e transmitia ao outro, à pessoa que estava a picar.

Talvez fosse verdade que isso acontecesse noutros tempos. No tempo já dos avós, lá para além. Ouvia contar. Já não é do meu tempo e eu por mim não sei mais.