Matança do Porco

No Inverno, matavam o porco. A gente comprava-o em Setembro. Começava a tratá-lo, engordava-o e, quando chegava ao Natal matávamo-lo com uma faca na goela. Juntavam-se os homens. Punham o porco em cima de um banco, uns seguravam-no e o meu pai é que espetava a faca, é que matava! Ele era o único que andava aí que tinha coragem para isso. Depois, o meu pai morreu e tiveram que arranjar outro matador mas, enquanto pôde, era ele.

Então, penduravam o porco, abriam-no e ele ficava a sangrar. Depois, as mulheres limpavam as tripas - que eram os intestinos - lavavam-nos e preparavam para o enchido. A carne era escolhida: as banhas e os presuntos eram salgados e a que era para o enchido - o lombo e a suã - punham numa panela para conservar.

Quem matava o porco fazia um almoço em casa, mas só as pessoas que ajudavam - ou a segurar no porco ou a limpar e migar as carnes - é que iam comer. Era torresmos, feijões, batatas cozidas, sopa... Uma comidinha bastante para todos.