“A minha vida foi o que foi mas não tenho saudades”

Andei na doutrina. O meu tio era o padre da freguesia, o pároco. A doutrina era quase no género da escola mas não era todos os dias. Não me recordo agora já quando era. Em minha casa era todos os dias porque eu vivia na casa do meu tio. Era uma casa familiar onde vivíamos e é claro havia aquela disciplina da religião cristã.

O dia da Comunhão era uma coisa muito simples. Não era com aquela pompa deste tempo. Era talvez, na minha opinião, com mais sinceridade que é hoje. Hoje é mais folclórico do que era naquele tempo. Não sou contra o que se faz hoje, tudo evoluiu e nada pode ficar para trás. Usávamos uma roupa especial e até punham uma fita. Tenho fotografias disso ainda, mas não me recordo muito da comunhão que eu não sou assim dessas pessoas que retenha muito as memórias. Às vezes já me têm dito:

- “Ah eu gostava de ter hoje 20 anos.”

Eu não. Não tenho saudades nenhumas de qualquer época que passei na minha vida. A minha vida foi o que foi mas não tenho saudades de qualquer época. O que passou passou, o que há-de vir nós veremos.