No fim, de volta à Benfeita

Fiquei em África até virmos embora. Entretanto vim cá a Portugal ser operada depois tornei a ir. Ora a minha filha tinha 9 anos. Ela foi com ano e meio, estive lá há volta de oito anos em África. Voltámos para a Benfeita, sim. Uns meses só. Só uns meses até arranjarmos trabalho cá para fora porque ele aqui tinha que ir dar serventia a pedreiro que a gente não trouxe nada. Inclusivamente tiraram-nos a nossa casa, tiraram-nos tudo. Então a gente não trouxe nada. Tivemos que começar do zero. Ele foi para ajudante de pedreiro. Trabalhava aí nas obras.

A gente tentou arranjar por fora que ele gostava de... a vida dele, o sonho dele não era carpintaria, o sonho dele era camiões. Então a gente tentou arranjar. Teve sorte que se arranjou lá para Pombal para um camião. Depois fomos para Pombal para as Meirinhas. Três anos. Ele foi primeiro, arranjou lá casa e depois fui eu e a filha. Sempre trabalhei na costura. Tinha as minhas clientes, fazia costura para lá para elas. Mas também tínhamos o quintal. Galinhas não, era coelhos e tínhamos o quintal, mas mais o que eu me dedicava era realmente a costura.

Depois é que viemos para cá de vez. Continuei na minha costura. Continuei com as minhas clientes. A minha mãe com as dela e eu com as minhas. Embora eu quando precisasse de qualquer coisa fosse ter com ela porque ela dava-me as explicações que eu precisava. Era assim. Continuei sempre na costura, o meu marido continuou sempre chofer de pesados em Côja. Até agora. Ainda faço costura.