Entre o campo e a costura

Vim para a Benfeita com ano e meio. Foram sempre aqui na Benfeita as minhas brincadeiras. Lembro-me de muita coisa. Eu vim para aqui pequenina, depois tive uma infância como todas as outras miúdas. Quer dizer, sempre mais franzina, era mais miudinha que as outras devido a problemas de saúde que mais tarde se vieram a relevar.

Ia com o meu pai para a fazenda. Fui sempre com o meu pai para a fazenda guardar as ovelhas, guardar as cabras, ajudar no que eu podia. Eu andava sempre mais com ele, enquanto mais pequena. Eu o tempo de escola não ia para o campo. Era só nas férias é que ia para o campo com o meu pai, porque no tempo da escola isso era sagrado, eu não faltava à escola por causa de ir para o campo. Até porque o nosso campo era bastante longe tínhamos que andar quase uma hora a pé de caminho para lá e outra para cá. Então eu só ia nas férias realmente, mas não gostava de ir para o campo. Nunca gostei de ir para o campo. Apesar de saber fazer o trabalho todo, não gostava de ir para o campo.

Frequentei a escola até à quarta classe cá na Benfeita também. Continuei a andar com o meu pai. Depois já tinha a minha irmã, preferia a fazenda do que costura e então eu fiquei na costura ao pé da minha mãe. A minha mãe era modista, e ainda é uma modista boa. Eu estava mais à face da costura de ajudar a minha mãe na lida da casa e a minha irmã era mais então para a fazenda.