“Não há homens, há mulheres”

A Irmandade da Senhora da Assunção estava para acabar. Não havia mulheres na Irmandade. Aqui eram contra as mulheres na Irmandade. Então tentaram acaba-la. Foram entregar tudo ao senhor Prior e que saíam da Irmandade. A gente fez todos uma reunião com o senhor Prior e a gente não queria deixar acabar a Irmandade. Dissemos se podiam entrar mulheres. Entrámos logo 12. Então essa pessoa que queria entregar a Irmandade também já não quis sair. Ficou. Não havia gente porque as pessoas não querem encargos. Querem a vida facilitada. Tudo que seja encargos...

Não havia para a mesa, porque para a mesa é preciso juiz, preciso secretária, preciso tesoureiro e dois vogais. Então não havia ninguém para isso. Não havendo para isso o senhor Prior não aceitava que a Irmandade continuasse. Então apareceram logo. Apareceu logo o juiz, apareceu logo a secretária, o que é mulheres. Só o juiz é que é homem. Portanto apareceu logo gente para isso. Estou a fazer os cabeções para ela, que a gente alinhou a não deixar acabar. Porque acaba tudo. Deixámos acabar o rancho, contra minha vontade que tive que dar o dinheiro para a Liga e eu não queria dar porque era nosso, era do rancho não era da Liga. Tive que o dar. Estava em nosso nome ainda. Estava em nosso nome, mas era do rancho. Eu tive que o dar contrariada, muito contrariada. Porque agora eu não sei onde é que ele está e eu sabia que ele estava ali. Agora queriam acabar a Irmandade, não pode ser. Temos que andar para a frente. Não há homens, há mulheres. Então vamos nós.

A Irmandade é só para funerais e quando há festas. Temos a festa do Santíssimo que vai estas Irmandades que é a daqui, Pardieiros e Sardal. São as três Irmandades, diferentes. Uma é azul, uma é vermelha, uma é verde. Há a festa da Nossa Senhora da Necessidades que é as três. Porque é a freguesia. É as três Irmandades também. Há então a de Agosto que é só a nossa. É só a nossa Irmandade. E depois há os funerais que a gente tem de ir aos funerais.