“Eu amo ela, ela me ama”

Conheci-a aqui de miúdos! Ela andou na escola comigo, eu andei na escola com ela. De miúdos, andámos aqui. Aqui na terra havia muita rapariga, mas é uma ideia. É como o brasileiro: eu amo ela, ela me ama. Lá falei com o pai dela em baixo e tal:

- “Está tudo bem, está tudo bem...”

Tive que lhe pedir autorização. Pois! Ele era marreta! O pai dela, cuidado com ele! Beijar, só se fosse às escondidas! Passar um homem por ela era o diabo. Era terrível. Se houvesse qualquer coisa, as velhas começavam logo “rururu”... Velhas do inferno! É, é. Antigamente? Oh! Hoje, não é como antigamente. Agora, está tudo... Só se podia por o lado sombrio, para a velhada não ver. Às vezes, um homem namoriscava para aí. Era terrível. Oh, diabo! E à janela. Estava às janelas dum lado e doutro.

Mas ela gostou de mim e eu gostei dela... Namorámos dois anos. Eu estava em Lisboa. Vinha aqui, piscava-lhe o olho e ela piscava o olho a mim e tal. Estava aí um tempito, um mês ou nem sei, ia-me outra vez embora. Depois arranjou-se o casamento.