“O Natal era quando a gente queria”

Nunca diferencei o Natal. O Natal era quando a gente queria. Era dar-se bem com a família e almoçar num lado e jantar noutro. E por ali assim. Só as famílias. Faziam qualquer coisa de especial, pois, com certeza, mais diferençado. Se juntavam as pessoas, certamente. Matava-se um borrego ou quando era - com licença - o porco, juntava-se a família. Era a vida assim. Faziam uma fogueira, mas agora não há lá gente para isso. Está tudo velho. Os novos foram-se embora e só ficaram os velhos. Agora, foram morrendo. Hoje, há lá pouca gente. Não há sangue para fazer fogueiras. Aquando foi pelo Natal, andávamos lá de roda da fogueira, assávamos chouriças, assavam febras, faziam café, havia vinho e outras qualidades de bebida.

O meu filho, de motorizada, foi buscar os meus pais. Só que aquando os ia buscar, teve um acidente ali adiante e lá foi para o hospital para Tábua. Já não houve festa... A festa acabou ali. E parece-me que nem nunca mais lá fizeram fogueiras. Nunca mais houve fogueira.