“Foi uma alegria a luz”

Eu era pequenita quando não havia luz. Ainda me lembro bem do candeeiro. Usávamos um candeeiro de petróleo. Ainda tenho além um e ali outro. Havia um alto que púnhamos na mesa. O outro botavam na cozinha. Às vezes, usavam velas e algumas pessoas usavam azeite. Mas outras pessoas, não. Nós usávamos só petróleo. O azeite era mais caro e era preciso. Nós, antigamente, fazíamos tudo com azeite. Fritávamos as batatas e tudo quanto era frito era com azeite. Fazíamos renda à luz do candeeiro. Estávamos habituadas àquilo, àquela luz. Agora, já não vemos com o candeeiro. Foi uma alegria a luz. Veio para as casas e para a rua. Já estava tudo preparado. Senti que era bonito e bom. Víamos tudo. E com o candeeiro, só víamos assim de roda.

As fontes eram uma ao pé da Junta, era aquele chafariz que lá está, e outra na praça. Antigamente, nós chamávamos fonte e íamos lá à água. Quando houve possibilidades de fazerem água canalizada, já foi mais tarde. Só havia água nalgumas casas melhores. Quem não podia, não a punha. Vínhamos à fonte buscar água. Ali na praça, no Areal, na Fonte da Cabra que era numa ribeira e na Fonte da Telha. Antigamente, não tínhamos máquinas. Ainda há pouco tempo é que tem havido máquinas. Lavávamos a roupa na ribeira. Às vezes, no Verão, tinham aqueles tanques para os poços. Fazíamos um poço grande à sombrinha e lavávamos dentro de água. De Inverno, lavávamos de joelhos. Depois, secávamos a roupa como podíamos. Em casa, fora ou na rua, nos arames, como calhava.