Trabalhar para a despesa

Depois da escola fui logo para o campo, andar a trabalhar para as pessoas a ganhar qualquer coisa, pouco. E depois da escola ainda íamos apanhar lenha e pinhas. E era o que a gente fazia. Não andávamos aí na rua. Ó, ó, não se podia. Depois é que fui trabalhar para as pessoas de fora para ganharmos qualquer coisa. Para a ajuda da despesa. Chamávamos 25 tostões, 5 escudos. Era assim, uma miséria.

Carregávamos, cavávamos terra, semeava milho, as batatas. E íamos carregar lenha para as lareiras. Os homens faziam nos pinhais, chamavam cavacas, e nós íamos carregar aquela lenha, para trazer para as lareiras para fazer a comida e para se aquecerem, pois. Saíamos cedo e vínhamos de noite. Vínhamos já alumiava a lua, como se costuma dizer. Não é como agora. Agora vão uma hora, duas horas. E é assim a vida.