O meu pai era Joaquim, havia umas confusões com os sogros. Havia um Joaquim Pereira e havia um Joaquim José Gonçalves. Mas acho que era Joaquim Pereira. A minha mãe era Albertina Nazaré Gonçalves. Coitados, eles eram ricos, mas naquele tempo, eram as terras que valiam e depois não havia reformas, não havia nada. Criaram sete filhos. Também não viviam abastados. Foi a vida deles, a minha mãe foi uma pessoa mimosa, era filha única, os pais viviam muito bem, não a deixavam trabalhar no campo e depois para se orientar viu-se à carga. E para arranjar depois para os filhos foi um problema, para criar tanto filho. O meu pai ainda foi lá estar fora mas pouco adiantou. Não era assim pessoa de muito expediente, de arranjar a vida e ela também, na altura, quando havia de se espertar, não se espertou e depois quando os pais morreram orientava-se, mas orientava mal. As pessoas queriam era comer à custa deles. Compravam-lhes as terras baratas. Foi assim uma vida pouco jeitosa. E a gente andámos ao dia fora. A carregar, a cavar. Os filhos. Se queríamos comer. Ela, coitadinha, bem granjeava mas não conseguia. Naquela altura, não havia ajudas nenhumas.