“Boa gente”

Têm vindo estrangeiros. Presentemente estão quatro estrangeiros a viver na povoação. Os outros estão nos buracos, mas pronto, sempre vêm, sempre aparecem. Sempre é mais pessoas que aparecem e são eles que ainda têm estado a segurar a escola. Têm muitos filhos e lá trazem os miúdos na escola. Os que estão no centro da povoação a gente fala, eles convivem. A gente se lhe paga um copo de vinho eles também querem pagar. É boa gente. Está outro casal mais para cima da povoação. Esses não quiseram comprar no centro. Compraram para cima e diziam eles:

- “Não queriam ver a luz.”

Mas é também um casal muito simpático. Aqueles no Espinho. E há outros. Eles são simpáticos só que lá têm outras coisas deles. Os da Teixugueira lá vivem. São uns poucos que por lá andam. Estão nos buracos. Descalços, nem cortam o cabelo, nem fazem a barba. Não sei o que é que eles fazem, nem sei o que é que eles comem. A gente não vai lá. Só se calhar a passar, mas é muito raro. Agora os outros não. Já são pessoas mais civilizadas. Há uma que faz uns bonecos, uma coisa qualquer. Depois lá fazem umas feiras.