A Benfeita em festa

Todos os anos se faziam festas. Havia a festa do Santíssimo, que há procissão e tudo. E havia a festa de Agosto. Há essas festas sempre.

A festa de Junho é muito bonita, a do Santíssimo. É uma procissão muito grande que passa aqui. É muito bonita. Vai a Irmandade e vão as pessoas todas da igreja. A Irmandade é aqueles que pertencem à Irmandade. Vestem uma bata branca e depois um cabeção encarnado. Nos Pardieiros é verde e aqui é encarnado. Agora até é mais senhoras que homens da Irmandade. Quando há os funerais, vai também ao cemitério acompanhar. E quando é das festas, também. Aqui é assim.

A festa de Agosto é da Nossa Senhora da Assunção. É a mesma coisa. Há procissão também no dia 15 de Agosto. Vão as ofertas e depois leiloam no Areal. São tabuleiros grandes com coisas dentro, comida: bolos, ananás, melão, muitas coisas. Leiloavam no Areal e depois compravam. O dinheiro era para a Igreja. Já faziam quando eu era criança. O que é agora tem-se envolvido tudo mais. Já têm leiloado lá ao pé da igreja alguns anos e tudo gosta daquelas festas.

Fazia-se bailes sempre. Vinha a música, aquelas músicas que vinham de Côja ou do Barril ou de vários lados. Quando é por as festas é assim aqueles concertos grandes. Vêm sempre acompanhar a procissão e estão na igreja também. Às vezes ficam para os bailes, outras vezes vão-se embora. É conforme combinam. Às vezes, se não há música, é aqueles acordeões. No Areal, é que era o largo das festas todas. Um ano fizeram um rancho e fizeram a festa encostada ao meu quintal. Onde estava o rancho a dançar até fizeram uma coisa em madeira. Mas agora mudaram para o lado de lá e fizeram um lugar para os carros.

Quando era nova, eu não parava. Gostava dos bailes. Era dançar raparigas com rapazes e, outras vezes, as raparigas só. E às vezes arranjavam-se namoros. Então, ainda apareciam as mães, ou as avós ou as irmãs que acompanhavam. Mas era tudo família quase. Ai, antigamente era bonito.

Até havia o Rancho dos Manjericos. O senhor que tratava disso já morreu há anos, coitadito. Era o Adelino Fonseca. Parece-me que foi ele o que fez o Rancho primeiro. Ele andava ali também na Liga de Melhoramentos e fez cá muita falta, que ele gostava muito daquilo. Eu também ainda pertenci lá um tempo. Era novita ainda. Foi antes de casar. De casada não. Às vezes, íamos às terras dançar. E havia fardas, ia tudo fardado. Era saias pretas com tiras verdes. Houve mais ranchos, mas do meu tempo era assim. Agora já não fazem como era antigamente.