Lápis, canetas, vara e régua

Fui para a escola com 6 anos. Era aqui na Benfeita. É donde está agora a Junta. Era primeira, segunda, terceira e quarta, e só uma professora. Era das nove às três. Era só uma professora e dava aquilo tudo. Agora são precisas não sei quantas para dar a escola. Naquela altura éramos muitos, aí 20, 30. Toda a freguesia vinha para aqui.

Ensinavam o que tinham a ensinar naquela altura. Era diferente de agora. A gente só fazia até à quarta classe. Sabíamos mais. Ainda hoje, pessoas com a quarta classe sabem mais que esses que tem o nono ano e o décimo ano. Nunca fui grande ás para escrever. Escrevia aquilo conforme calhava. Ainda hoje não sou. Nunca liguei a isso.

Havia tudo. Lápis, canetas e até uma vara e uma régua para nos darem com ela. Nós íamos para o quadro, a gente fazia mal, uma varada. Nos ditados dava erros, quantos erros desse quantas reguadas levava. E quando uma pessoa fizesse uma malandrice:

- “Vá! Anda cá.”

Mais uma reguada. E às vezes era outros a darem. Às vezes era a professora mas, de vez em quando, era os outros colegas. A professora chegava:

- “Vá, agora dá aí tantas reguadas.”

Também cheguei a dar algumas. Umas vezes davam-me a mim, outras vezes também dava eu aos outros. Era assim mesmo.