O relato

Naquele tempo a rapaziada era tudo muito diferente do que é agora. Era tudo mais unido. Agora não querem saber de nada disso. Não ligam nada. E se um vai para aqui o outro diz:

- “Ah não! Eu quero ir para ali, quero ir para a discoteca.”

E vão uns atrás dos outros. A rapaziada nova não liga nada a isso. Antigamente sim, era muito diferente de hoje. Não havia discoteca, era os bailes. Era assim os bailaricos pelo Carnaval. Ao domingo entretínhamo-nos por aí a jogar à bola na rua, a jogar as cartas. Era assim o nosso domingo. Às vezes alugávamos um carro. Era um carro de aluguer que havia. Ainda hoje há, mas está na Dreia. O rapaz é da Dreia. Alugávamos, geralmente íamos cinco. Eram só quatro, mas ele levava cinco. Pagávamos 25 tostões cada um e lá íamos todos para Côja, naquele tempo ouvir o relato, depois vínhamos embora. Entretanto já um sujeito comprou um rádio. Tinha lá na mercearia, na loja dos vinhos e a gente lá é que se entretinha a ouvir o relato. Outros a jogar as cartas e por aí andávamos.