Um homem de negócios

Andei no meu tio, em Paranhos da Beira, três anos. Pedi-lhe mais 25 tostões, não mos quis dar, abandonei-o. Disse:

- Pronto tio, você não quer me dar eu vou-me embora, acabou.

O meu tio tem lá uma serração. Ainda hoje lá está. São os meus primos que estão lá. São os Carnides. Foi aí que eu aprendi com motosserra. Comecei lá, com um fulano qualquer, comecei a aprender como é que se aguçava. Eu depois comecei a cortar também. Eu era comprador de pinhal e tomava conta do pessoal mas também tinha que trabalhar. Medir pinheiros e medir para vigamentos. Eu é que media tudo. Não era assim de qualquer maneira.

Vim para a Benfeita. Andei aí uns dias a serrar por aí. Já não me lembra para quem foi. Deu-me na cabeça e pus-me num negócio por minha conta. Comecei a negociar. Houve aí pessoas que me emprestavam dinheiro. Eu cortava os pinheiros, serrava-os. Naquele tempo a gente já serrava menos. Já se acartava a rolaria com machos. Cheguei a trazer aos cinco e seis machos, a tirar rolaria. Um macho é um burro castiço com uma égua. Daí em diante já tinha um negóciozito bem jeitoso. O meu pai então, ui! Era como quem o matava. Porque ele não sabia ler. Eu sabia comprar melhor do que ele, porque tinha andado com o meu tio. Eu era só comprar pinhal e tomar conta do pessoal, mais nada.