Finalmente na Benfeita

A partir daí, um senhor que era muito religioso, que era o que andava com o tal outro rapaz, gostava muito de ir à missa, veio aqui à Benfeita à missa. E diz-me ele assim:

- “Ó Ramiro, queres ir ver a Benfeita? Dali daquele alto a gente vê a Benfeita!”

Assim foi. Viemos ao alto e tal, um dia à festa. Viemos “pia fora” e eu vi à Benfeita. Digo eu assim:

- Eh pá! Ela aqui vê-la lá num buraco mete medo, porra!

Eu cá para comigo, lá de cima.

Viemos aqui para a Benfeita. Começámos a serrar num sítio chamado o Soutelo. Ali a serrar um pinhal. Dormíamos numa casa que é ao cimo do povo de um senhor chamado Nicolau. Não está como agora. Agora já lá está gente a viver. Já arranjaram a casa, uma coisa e outra. Era um quarto só, uma salita, a cozinha e era uma salazita assim maior. A gente dormia também em cima de palha. A mesma coisa. Não havia colchões. Aquilo estava armado como palheiras. Daí comecei então aí a serrar. Andei a minha vida por a Benfeita, mais o meu pai.