“Não o tolhas!”

Os meus filhos, um chama-se José Manuel da Cruz Pereira. E a filha Maria Isabel da Cruz Pereira. O meu filho não quis estudar mais. A minha filha também antes quis casar que estudar. Eu não os podia matar. Um senhor que era aqui da Benfeita estava no Algarve, em Faro. O senhor doutor Jorge. Era advogado dos Correios. Eu pedi-lhe para o meu filho ir para os Correios. Ele era para ir para a G.N.R. Mas a minha mulher não gostava daquilo. Vale mais ele ir para os Correios. Daí a pouco tempo já tinha uma carta para ir embora. Foi para lá sozinho. Lá para uma pensão. A minha filha coitada, essa sofreu. Correu todo o mundo quase a vender livros. Depois então arranjou aquele senhor que ele é farmacêutico na farmácia lá em Castelo Branco. E lá está, estão bem, com a graça de Deus.

Tenho um neto que é jogador de vólei. Ele tem 15 anos. Veio jogar a Setúbal e eu disse para o meu filho:

- Ó Zé Manel, olha que tu não tolhas a vida ao teu filho. Lá que ele tire um cursozinho sim, mas se ele quiser ser jogador, ó pá não o tolhas! É para a frente é que é Lisboa.

A vida, eu para mim já não faz muita diferença, mas para aqueles mais novos, para o meu neto Gonçalo. O meu neto está bem, anda a acabar de tirar o curso, acaba agora em Maio, e depois tem de seguir a vida dele mais a rapariga.