“Subir para um quarto e quinto andar”

Depois, fui para as obras. Pedi lá a um tio meu, que ajustava obra de estucador. Andei a dar serventia aos estucadores. Caldeava cal, amassava e botava-lhe. Ganhava alguns 30 escudos. De 17 passei para 30, mas o trabalho era pior. Subir para um quarto e quinto andar, com um latão de massa, ali todos os dias a acartar. Era bom? O que era, uma pessoa era novo, aguentava-se. Trabalhei em diversos lados. Trabalhei em Algés, trabalhei no Dafundo, andei a trabalhar lá em Lisboa, em diversos lados. Nunca saí de Lisboa. Ele ajustava uma casa, ajustava um prédio de estucador - isto é uma hipótese - lá no Algarve. Ia-se para o Algarve, se fosse preciso, que ele mandasse. Não sei quanto tempo estive lá, se lá estive um ano, se dois, mas a maior parte do tempo foi nas obras. Nas obras é que trabalhei mais tempo. Mas o dinheiro também não chegava, era pouco.