“Nunca estive sozinha com ele”

Quando me fui embora da aldeia, eu já conhecia o meu marido. Éramos os dois daqui. Já namoriscava com ele, mas era assim quando cá vinha, que íamos para o baile e dançava com ele. Depois, ele foi para a tropa. Ainda foi a Aveiro. Mas a gente nem se escrevia. Então, era namoros como agora? Ele nem disse nada! A gente gostávamos um do outro, nem disse nada! Mas teve que pedir ao meu pai. O que ele disse, isso não sei. Não ouvi nada, nem vi nada! Mas o meu pai gostava dele. Era cá quem lhe fazia parte das coisitas. E ele também só ia lá a casa um bocado à noite, porque de dia andava no dia fora e à sexta-feira e ao sábado andava nas barbas. Era barbeiro. Então, só ia um bocadinho à noite. Estava a minha mãe ao pé de mim. Nunca estive sozinha com ele, não! O namoro não era como agora. Agora é uma miséria. Oh!