“Não podia parar porque o dinheiro era preciso”

O meu primeiro emprego foi na floresta. A seguir da criancice foi na floresta a cavar mato.

Com a idade de 7 anos. Em vez de enfrentar bem a escola como deve ser, fui para a floresta. A casa precisava de dinheiro e mesmo assim ganhava-se pouco. Ganhava-se sete escudos por dia. Depois daí é claro já começou a idade a prolongar. Andei à volta de 20 anos na floresta. Quer dizer, não era efectivo, começava a trabalhar, depois parava, porque faltava verba. Mas contando tudo foi à volta de 20 anos. Andávamos por lá, até raparigas por lá andavam e tudo, a roçar mato, a cavar e a semear pinhão. Tudo isso acabou. Agora parece que não se vê isso.

E ainda andei por aí nas estradas a trabalhar, não podia parar. Porque o dinheiro era preciso. Andava a minar penedas. Agora são máquinas. Agora abre-se uma estrada, é rápido, naquele tempo era 20-30 homens conforme calhava com uma picareta a rebentar peneda. Aquela que vai ali para cima para a minha terra a gente andou lá! Lá pelas serras, por um lado e por outro.