Os meus namoros

Eu namorei muito tempo com umas e com outras. Lá nisso ainda ganhei prática, namorar com esta e com aquela. Umas eram para um bailarico, outras eram um mês, outras eram dois meses, outras era um ano... Era conforme calhava. Podia ter uma namorada na Benfeita e outra em qualquer lado. Eu também ainda passei isso. Era em várias terras, em vários lados. Era mais na altura do Carnaval, dos bailaricos, que a gente arranjava raparigas e elas arranjavam rapazes. Eu ia para outras terras. Eu e mais, aos domingos a gente corria várias terras, bailarico a um lado, bailarico a outro. Havia quem dissesse:

- “Aí, em tal parte, é que há um baile grande, um baile valente. Vai lá muita rapariga.”

E a gente ia para lá! Outro dia ouvíamos noutro lado e íamos para outro lado. E assim andávamos. Agora não. E era tudo a pé! De noite pelas serras fora. Agora não, agora vão de carrinho, de motorizada, agora não sabem o que é custar a vida.

Havia terras que o baile era toda a noite, às vezes até ao romper da manhã e havia outras terras que ao pôr-do-sol, mais ou menos, elas tinham que ir para casa que estavam lá os pais à espera. E a gente vinha para outros lados.

Com a minha mulher, para ser concreto, eu nem a pedi em casamento. Eles sabiam, os pais, para o que eu andava lá. Depois mais tarde até:

- “Então tu não pediste...”

- Então ela não sabia que eu andava lá para isso?