“Fui de vestido branco, véu comprido e grinalda”

Para casar a primeiro falámos nós, e depois foi combinar com o meu pai. Casei. Lembro-me do dia de casamento, foi o dia 28 de Janeiro. No mês que eu fiz 18 anos.

Fui de vestido branco, véu comprido e grinalda. Era assim.

Havia sempre missa. Depois da missa era o almoço. E depois passavam o tempo já não sei como, por aqui e por ali. E depois à tarde havia o jantar. Era dia de festa. O primeiro prato era a sopa, depois era fressuras, os miúdos da rês, dos cabritos, das cabras que matavam. Depois leva um bocadinho de arroz, um bocadinho de sangue. Chamam cá a fressura. Era o primeiro prato. Depois era batatas e a carne assada no forno. E se havia no tempo de verduras, faziam verdura, se não havia cá compravam alfaces. E depois havia os doces. Muito arroz-doce. Sempre tudo com muita fartura. Tigelada e coscoréis. Coscoréis são uns bolos assim redondos que se estendem, do género de filhós mas não fica assim redondo pequenino. Aquilo leveda. Está levedado aí de umas duas horas e leva muitos ovos para ficar bom.