Antigamente as pessoas cozinhavam tudo a lenha. Antes, esses fornos eram em sociedade, mas agora já cá não há nenhum. Acabaram com eles. E também acho que só há cá duas ou três pessoas que cozem broa. Antes toda a gente sabia fazer broa! A gente ainda continua a fazer, ainda coze, porque ainda vamos tendo milho. Mas agora não é na gamela, é no alguidar. Mas temos gamelas. Ainda tenho aí duas. O milho ainda vou moê-lo no moinho do Barroco. Eu também tenho moinho em casa, mas a farinha não é tão boa. A broa não sai tão boa! O moinho se estiver bem arranjado, gasta um quilowatt de luz ou dois com um alqueire de milho. Só que a farinha aquece e depois a broa não sai tão boa. Lá adiante nos moinhos a farinha sai mais saborosa. Antigamente eram aqueles moinhos todos e ainda andavam sempre a pedir uns aos outros, porque não chegava o tempo. Quem tinha, com licença, os porcos e ainda tinha para governar uma larada de filhos, como era para aí, iam todas as semanas, mas só uma noite ou um dia a moer já dava alguma coisa! E quando, às vezes, tiravam a água para a minha fazenda os moinhos ficavam sem moer! Antigamente, usávamos o sarrão. O sarrão era onde levavam o grão para o moinho e traziam a farinha. A minha mãe ainda fez alguns. E lembro-me da avó da minha mulher fazer também. Mas aquilo cheirava muito mal. Era a pele do animal. Recordo-me que a pele secava e azedava para depois tirar o pelo. Foge! Vi-a a fazê-lo além à porta da palheira. E eu, às vezes, quando vinha com o gado até ia lá pendurado. E dizia assim: - Raios partam, não virem os lobos para levarem aquela pele. Cheirava muito mal.