“Não havia alfaiates nem sapateiros”

A gente ia e vinha para o mato descalça. Não andava a gente calçadinha como agora. Algum dia se usavam meias, mesmo de Inverno? E a roupa, não havia combinações como agora há. Todas as vidas têm espinhos. Nessa altura não havia roupas feitas, tinha que se comprar o pano e fazê-la. Cada um remediava-se conforme podia. Eu para mim já a fazia. Senão tinha de pagar a quem a fizesse. Em Soito da Ruiva não havia alfaiates nem sapateiros. Tínhamos que ir ao Sobral e a Pomares para mandar fazer os sapatos. Só se compravam umas tamanquitas. Agora não se usam tamancas. Mas, naquele tempo, o nosso calçado era as tamanquitas. Levávamos quando íamos para o mato mas, ao fim, para trazer os molhos, tínhamos que as tirar e vir descalças, porque escorregavam. Os caminhos não são bons, são ruins e andávamos por onde calhava.