“Palmilhámos isto tudo a pé”

Também andei na catequese, mas foi menos tempo que os meus irmãos. Já não andei assim lá tanto tempo. Íamos até ao Sobral Magro. Demorava-se aí três quartos de hora por uns carreiritos de cabras. Não havia estradas. Havia uma estradazita mas era mais um carreiro. Para passar carros não dava, era só um animal de carga de cada vez. Mais nada. Uns tempos atrasados. Na altura que andava na catequese também ia à missa. Cá, ao uso, a gente trazia uma coisita qualquer, mas quando íamos à missa gostávamos de ir todas bonitas, embora descalças. Levávamos uns chinelitos num saquito e quando chegávamos lá perto calçávamos. Começávamos a sacudir os pés com umas folhas quaisquer e calçávamos os sapatitos, uns chinelitos, vá. Mas à volta a gente pousava o carrego que trazia e voltava a tirá-los outra vez. Palmilhámos isto tudo a pé. Trazíamos os dedos tudo botado a baixo. A gente, às vezes diz: “Ó tempo volta para trás!” mas houve tempos que não deixaram saudades nenhumas.