Pela alma dos que morriam

Quando alguém morria cá, era costume entregarem um pão. Primeiro nem era pão, que não havia dinheiro para o comprar. Era broa. Moíam uma data de milho e depois coziam umas broas assim pequeninas e davam uma a cada pessoa. A família da pessoa que tinha morrido é que dava aos outros. Diz que era por alma da pessoa que morria. Dantes nem tinham o costume de ir aos funerais. Nem iam a nenhum, a bem dizer. Havia aí um que nos funerais quando chegava para além do povo, voltava para trás. Quando ele morreu, depois calhou-lhe a ele. Os que iam no funeral voltaram para trás e disseram: - “Se nos juntarmos na casa do Sr. Pessoa o padre ralha com a gente.” Juntou-se tudo em casa do Sr. Pessoa e ele disse assim: - “Mas ele não ia ao funeral dos outros e agora não se juntou tudo para ir ao dele.” Nos funerais, às vezes, também se embebedavam.