“Para um lado e para o outro, que aqui não se ganhava nada”

O meu pai trabalhou em Lisboa, na cortiça e o meu irmão também foi para Lisboa. O meu pai é que lhe lá arranjou trabalho. Os homens de cá iam para Lisboa e daí arranjavam trabalho para outros, lá nas fábricas da cortiça. Os rapazes começavam também cedo a empregar-se. Saíam da escola, faziam os exames da 4ª classe, e ia tudo para os seus empregos para o pé da família em Lisboa. Andavam para um lado e para o outro, que aqui não se ganhava nada. Andavam lá a carregar fardos às costas quando eram descargas. Eles é que sabem como é que se viam. Andavam sempre cansados e tinham que fazer o comer. Depois só cá vinham, às vezes, durante 15 dias, um mês por ano. Iam para Lisboa para ganhar o pão para quem cá estava. Lá governavam e guardavam o dinheiro para quem cá estava. E ainda se compravam fazendas e casas.