“Ainda fiz um prédio grande”

Saí de Foz d'Égua aos 20 e tal anos.

O primeiro emprego que eu tive lá em Lisboa foi numas obras lá ao pé de Almada. Isto há coisa de 40 e tal anos, devia ter aí 21 ou 20 anos. Era servente de pedreiro e ganhava 5 mil escudos por mês e sem Caixa. Mas cá já tinha também andado nas obras. Já foi aqui e lá. Foi nos dois lados. A gente, às vezes, fazia umas horazitas também. Ainda fiz um prédio grande que lá está em Corroios mesmo ao pé da Vala, fui eu que andei lá. Não fui eu que o fiz, mas andei lá a trabalhar. Andávamos num prédio, precisavam de acabar um quarto, a gente dava mais umas horas, era mais qualquer coisinha que vinha. Era assim que a gente se governava. Era um bocado difícil, mas pronto.

Acartava a massa. Naquela altura ainda não havia azulejo de vir e colocar na parede. Agora o azulejo é vir e colocar logo na parede. Primeiro o azulejo tinha que ir para um tambor de lata metido em água para se poder colocar na parede. Nunca tive trabalhos bons. Tive sempre trabalhos difíceis. Sempre muito trabalho. Mesmo quando andei na Vinosul era muito trabalhoso. Depois estive muito tempo sem trabalho. E arranjei trabalho para uma distribuição de produtos alimentares.