A Páscoa

Na Quaresma, não se comia carne. Era bacalhau e peixe. Isso era caro como o fogo, mas íamos aí buscá-lo. Íamos a Oliveira e, aí em baixo, à Vide. No Piódão também vendem. Hoje não falta dinheiro. Encontrou-se, não falta. Mas tínhamos que jejuar Sexta-feira Santa. Só comíamos às dez horas uma buchita e à tarde, mais nada. Era só quem queria. Eu ainda fiz algumas vezes, mas ao fim já não.

No Domingo de Páscoa, vinha Nosso Senhor e o padre a casa. Então, a gente punha o folar. Quem queria pôr ovos, punha ovos, quem queria pôr dinheiro, punha dinheiro. E ele levava. Mas agora, para aqui muito de agora, é dinheiro que se põe.