Maria Delfina Pires e António dos Santos

A minha mãe era Maria Delfina Pires. Era da Erada que é do concelho da Covilhã. O meu pai era António dos Santos e era daqui de Chãs d'Égua.

A minha mãe trabalhava a criar os filhos, que ela teve oito filhos, a arrancar torgas e a fazer carvão. Noutro tempo, as mulheres iam arrancar as torgas, faziam uma poça, metiam-nas para lá com lume a arder e queimavam. À noite ou mais cedo, quando acabava de arder, tapavam com terra. Depois vendiam com o carvão. Vinha logo um carvoeiro buscar o carvão para nos matar a fome.

O meu pai era mineiro nas Minas da Panasqueira. O pai do senhor Fontinha também lá andou. Ia muita gente a pé daqui para lá e vinham. O meu pai saía ao domingo à tarde e era mais de três ou quatro horas! Ao menos três horas, seguro, gastavam-nas. Trabalhavam às semanas. Iam ao domingo e vinham ao sábado. Ele andou lá muitos anos. Já lá fui de carro com o meu genro, mas eu não me lembro o que é que contavam de lá.

Éramos oito irmãos. O meu pai teve oito meninas e meninos. O meu irmão mais velho era António dos Santos. A seguir era a minha irmã, Maria Cândida dos Santos. Depois era o Viriato dos Santos. A seguir sou eu, que sou Lúcia dos Santos. Depois, a seguir, é José dos Santos, é Maria da Ressurreição dos Santos, é Manel dos Santos Pires e é o Artur Pires, que está a viver ali em Mouronho.