“A escola da gente era guardar gado”

Tinha 7 anos quando comecei a ir para as cabras. Por isso, nunca fui à escola. Quando me eu criei, não havia. A escola da gente era descalço, a guardar gado aí por essas serras. Era de sol a sol! De manhã, quando vinha a dar o sol, abria-se-lhe a porta. Até à noute. Estávamos por lá quase todo o dia. Há dias que andamos com elas por aqueles matos, por um lado e por outro. Para onde elas queriam ir, é que a gente as deixava. Em direcção à noite, reconduzia-as para as traseiras, para a loja. Tínhamos terrenos no Piódão, onde tínhamos o gado. Um tio de lá tinha de me guardar a mim e ainda guardar era o gado. Ele, às vezes, andava lá para o meio daqueles matos e eu não me distribuía pelo meio do mato. Guardava a mim e guardava o gado.