“No Domingo de Páscoa”

No Domingo de Páscoa, vêm dar as boas-festas. Trazem a Cruz e vêm dá-la a beijar. Depois, o padre tirava o folar. Este ano, encheu-se esta sala. Puseram o folar em cima de uma mesa. A gente beijou em toda a volta e no fim de se beijar, tiram as opas que trazem, tira-se a Cruz, tapa-se, toca a comer e a beber! No outro tempo os padrinhos também davam o folar aos afilhados. Quem podia, dava dinheiro. Quem não podia, era um pão de trigo. Destes de trigo que a gente compra ao padeiro. Comprava um e dava ao afilhado. O meu padrinho nunca me deu folar nenhum! Nunca me deu nada! Eu tenho afilhados e dava-lhes dinheiro. Dizia-lhes assim:

- Pão, não te dou, porque pão tem-lo tu em casa. Toma lá dinheiro e faz dele o que quiseres.

Naquele tempo eram 100 escudos. Já era bem bom. Eles diziam:

- “Ah, não estava à espera de nada...”

- Pois não. És minha afilhada, tenho de te dar o folar.

Até uma certa altura. Passando essa certa altura, já não dão.