“Trabalhei no Museu Nacional de Arte Antiga”

Em Lisboa, ainda trabalhei no Museu Nacional de Arte Antiga. Tinha aí uns 15 ou 16 anos quando fui para lá. Foi o meu pai, que Deus tem, que mo conseguiu. Ele conhecia as pessoas e foi assim que eu fui trabalhar. Estava nas salas a guardar, a vigiar os visitantes. Havia muitos que mexiam. Era a minha vida. Estava ao telefone e, se era preciso ir aqui ou ali, também ia. Mandavam-me ir levar coisas. Era estafeta. Gostava muito de andar na rua. Adorava. Às vezes, ainda me lembro: a vida de estafeta é que era boa para mim. Hoje já não gostava de andar na rua mas, na altura, gostava. Depois casei, já não fui mais trabalhar. Cuidei do meu filho e das minhas vidas. Hoje, todo o mundo trabalha, mas na minha altura, não. Foi um erro. Foi assim a minha vida.