“Festa, só no Piódão”

No Torno, não havia festa. Há lá vários santos na igreja. Cada santo tem um mordomo, que era sempre uma pessoa das quintas. Daqui, da Foz d'Égua, do Torno... Havia sempre uma pessoa, que era o mordomo. Tira as esmolas, cuida do altar e cuida do andor nas festas, quando sai a procissão. Mas festa, festa cá na quinta, não havia. Era só no Piódão. Era a festa anual dos santos todos. A padroeira é a Nossa Senhora da Conceição. Depois tem vários: o Sagrado Coração de Maria, o Sagrado Coração de Jesus, Nossa Senhora de Fátima, Nossa Senhora dos Verdes, São Miguel... Tem vários santos. Acho que ainda tem mais, mas não me lembro. Naquela altura, creio que a festa religiosa era todos os anos. Agora, não.

As festas eram assim: primeiro, era a missa e depois a procissão, aonde levavam todos os santos. Cada um tem o seu andor. Levavam-nos a dar a volta à rua. Naquela altura, levavam as ofertas, que juntavam nuns cestos. Era o que a pessoa queria dar: presunto, queijos, chouriço, bolos, pão, frutas. Juntavam tudo num cesto e levavam à procissão. No fim, punham a leilão. Aquele que desse mais é que ficava com a oferta. E tinha música das bandas que agora ainda cá usam. Não sei como se chama. Acho que é a mesma. É a banda da filarmónica daqui, da filarmónica dali. Eram essas músicas, que iam na procissão, cantavam na missa e não sei quê. Eu gostava. Ainda hoje gosto. Acho que ainda é assim que fazem. As ofertas já não levam à procissão, mas a música ainda chamam. Éramos felizes.