“Uma maneira de sair”

A doutrina era no Piódão. Ia lá por o caminho, pia fora. Aqui não havia outro caminho. Era só a pé o trajecto. Aqui não chegavam carros. Mais perto onde chegavam os carros era a Vide, a 9 quilómetros. Quem nos ensinava eram umas senhoras lá do Piódão. Não me lembra bem mas havia parece que era sábados e domingos porque por a semana tinha que se trabalhar, não havia. Os primeiros passos aprendi o Pai Nosso, Ave Maria e Salve Rainha, assim tudo. De resto não me lembra assim. Lembro do padre que me deu a Primeira Comunhão. Foi o padre Ilídio Santos Portugal. Era ali de Celorico da Beira. Era o pároco que estava aqui entregue ao Piódão, à freguesia. Já faleceu coitado. Ele depois daqui foi paroquiar uma freguesia ali para Maiorca e lá ficou a vida dele toda, acabou por falecer lá.

Aqui a Foz d'Égua não tem cá nenhuma capela. Temos o Santo António, temos em cima uma santinha que é a Senhora de Fátima. A missa era só no Piódão. Todos os domingos íamos à missa. Éramos obrigados pelos meus pais que faziam levantar cedo para ir. Íamos com mais gentes. Mas a gente até gostava, que era a única maneira de sair daqui. Íamos todos contentes à missa.