“Ainda aguentei com o comércio em meu nome uns dois anos”

Nós viemos de África em 1975 e só quando veio é que ele ficou com o negócio do pai. Eu esses meses fiquei em Arganil em casa dos meus pais. Foi de Julho de 1975 a talvez princípios de Janeiro ou fim de Janeiro de 1976. Depois ficámos na Benfeita estabelecidos. Ele comprou o comércio e a casa aos pais. Então estabelecemo-nos aqui. Tivemos o comércio 20 anos mais ou menos. O meu marido vendia materiais de construção e fornecia obras. Eu estava na loja.

O meu marido entretanto adoeceu. Foi roubar cerejas e partiu um pé, foi para Coimbra e teve que ser operado. Não ficou bom, tinha muitas dores e eu já não aguentava o serviço sozinha porque era muita coisa em cima de mim. Fui ter com o médico de família e disse-lhe que o meu marido não estava bem porque queixava-se muito da perna.

Então o meu marido foi fazer umas análises a mando do médico para ver o que ele tinha. Acontece que nessas análises que ele foi fazer detectou-lhe que tinha uma doença má no fígado. Foi detectada aquela doença, teve que ser operado ao fígado e foi reformado por invalidez. Cortaram-lhe 70% do fígado. Uma vez que ele foi reformado por invalidez, o comércio teve que passar para meu nome. Eu ainda aguentei com o comércio em meu nome uns dois anos.

No dia em que eu ia para falar com o médico a Côja mostrar-lhe as análises que ele tinha e o médico viu o problema, saí do consultório e fui falar com a minha filha. Nessa altura estava em Côja a trabalhar na Caixa Agrícola. Fui falar com ela e combinámos aí à noite quando ela saísse do serviço irmos a Coimbra falar com um médico nosso amigo, para ver se ele tratava das coisas a ver se o meu marido ia o mais rápido possível ser internado. Então eu eram umas seis horas vim para vir arranjar-me, preparar-me para ir com a minha filha para Coimbra. Vou a descer as escadas, caí e parti as duas pernas. Eu ainda tive que ir primeiro para Coimbra do que o meu marido porque parti as duas pernas. Os médicos queriam que eu ficasse internada porque eu levei gesso nas duas pernas até por cima do joelho. Então eu pedi ao médico que me deixasse vir para casa nem que ficasse na cama.

O meu marido ficou internado no domingo e eu continuei aqui em casa um mês e tal com gesso. Cheguei a ir a três consultas com o gesso a Coimbra. O meu marido estava no hospital e eu nunca o pude ir ver. Ele foi operado, a loja passou para meu nome porque ele ficou reformado por invalidez. Eu não gostava muito. Resolvemos então e fechámos.