“Ele já me conhecia a mim, mas eu era pequena”

O meu marido em novo foi aprender mecânica para Arganil. Ele precisava de ficar em Arganil pelo menos durante a semana ou duas ou três dias por semana para não vir para aqui de bicicleta. Ficou hospedado em casa dos meus pais, porque os meus pais eram amigos dos pais dele. Ele diz que eu em pequena ainda cheguei a dormir com ele. Não sei que isso não me lembro. Ele talvez tivesse ido para lá com 15 anos ou 14 anos e esteve lá uns cinco anos a trabalhar, a aprender mecânico. Viveu lá cinco ou seis anos. Eu devia ter aí uns 5 anos ou 6 anos, já nem me lembra. Os meus irmãos mais velhos tudo se lembra, mas eu não me lembro. Viveu com os meus irmãos e com as minhas irmãs, porque ficava ali a comer e a dormir e só vinha passar o fim de semana aqui e vinha de bicicleta. Então eu já conhecia o meu marido. Ele já me conhecia a mim, mas eu era pequena. Entretanto o meu marido foi para África e passado uns anos foi de férias e foi visitar os meus pais. Não fazia mais do que o dever dele porque ele esteve lá uns anos em casa deles e eu já era crescida. Ele olhou para mim e talvez gostasse de mim ou não sei. Eu quando ele foi lá era capaz de ter aí uns 15 anos ou 16 anos.

Então a mim e às minhas vizinhas, éramos quatro ou cinco raparigas, prometeu que nos levava à Serra da Estrela dar um passeio. O meu pai que não era dessas coisas, deixar andar as filhas fora de casa e assim, como ele era conhecido e era amigo, marcou a hora ao domingo para irmos. Acontece que estávamos todas prontas para a Serra da Estrela e ele não apareceu e já não fomos. É uma recordação que eu tenho e as minhas amigas. E foi o único passeio que o meu pai nos deixava fazer porque íamos com ele e ele era uma pessoa de confiança, mas não demos o passeio. O meu pai também não se importava que a gente fosse ou não fosse.

Foi-se embora outra vez. Depois passados uns anos, sei lá, uns quatro, cinco anos, ele escreveu-me. Escreveu-me a pedir em namoro por carta. Eu tinha namorado um outro rapaz, um vizinho meu. Mesmo nessa altura eu zanguei-me com esse rapaz e foi assim:

- Oh, também não vou ficar sem namorado. Perdi um vou arranjar outro.

E aceitei em namoro ao meu marido. O meu marido tinha uns primos daqui que eram muito amigos do meu pai. Depois o meu pai falou com ele.

- “Ai ele é bom rapaz. Deixa fazer o casamento, deixa fazer o casamento.”