“Um queijinho”

As comidas é o que se faz em geral noutro lado. O queijo fazia a minha mãe, agora faço eu. Ordenha-se as cabras, depois côa-se o leite com um pano, para não ir os cabelos nem a sujidade, mete-se uma panela e põe-se um bocado de coalho ou cardo. O cardo dizem que se tira de uma planta silvestre. Às vezes, aqui até cultivam mas no Alentejo há plantas daquelas sem ser cultivadas. Depois tiravam, punham a secar e aquilo é que dava para coalhar o leite. Se usar cardo, tem de ser num pano também, coado como se côa o leite. Se for o coalho aquilo desfaz-se. Depois aquilo está ali um tempo, até ficar coalhado e põe-se o acincho. É um arco de metal. Agora até há em inox para não enferrujar. Depois espreme-se com as mãos, calca-se, o soro sai e fica um queijinho. Tem de se pôr sal ao fim em cima do queijo. Depois ao outro dia vira-se o queijo e põe-se sal do outro lado. Fazem de manhã, à noite pode-se comer. Se o quiserem comer duro têm de deixar estar, 20 ou 30 dias para ficar seco. Se quiserem comer em fresco, passado um dia ou dois pode-se comer.

Quando era no tempo da minha mãe, misturavam o leite das ovelhas com o das cabras. Coalhava melhor. O leite das ovelhas é melhor que o das cabras, é gordo. O queijo das cabras é considerado queijo magro, não faz mal. Os médicos aconselham a comer queijo de cabra.