“No duro”

O primeiro trabalho que tive foi a ajudar o meu pai no carvão. Tinha aí uns 15 anos. Para fazer o carvão arrancam-se as torgas, abre-se uma cova grande, acende-se o lume, depois juntam-se as torgas para lá para a cova. Mas não se podem deixar queimar assim muito, porque senão fica o carvão estragado. Conforme vão ardendo assim se vai tapando a cova com terra. Depois ao outro dia é que se tira o carvão. Trabalhávamos quase de sol a sol. No duro. E, às vezes, até mais tarde. Só parávamos para comer. Levávamos batatas, às vezes com hortaliça, outras vezes também ia um bocadito de carne, porque matavam um porcozito.